segunda-feira, 20 de julho de 2009

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  • Oriunda do séc. XVIII, a revolta que serviu como parâmetro para outras insurreições populares, não se restringiu a participação dos alfaiates, contando também com a presença de soldados, escravos, pedreiros e até mesmo no início, com alguns membros da elite colonial. “ Essa era uma cidade demograficamente africana, culturalmente africana, além de ser o principal porto de importação e exportação de escravos”.


  • A hiperconcentração de escravos em Salvador, aliada a intensa hierarquia social, funcionou como estopim no processo de reivindicação de uma sociedade mais democrática. “Se no campo você tinha uma segregação entre casa-grande e senzala, na capital baiana se tinha uma segregação vertical. Os senhores moravam nos sobrados. Quanto mais alto fosse o local da residência, mais poder representava”, explica Ubiratan.


  • Várias estratégias eram utilizadas pelos membros da conspiração na tentativa de burlar a fiscalização permanente. “Todos aqueles que faziam parte do núcleo de discussão usavam búzios na ponta do relógio como forma de identificação. Era um método de mostrar que não eram conspiradores”

  • Expressões utilizadas no cotidiano do séc XXI, como “cada macaco em seu galho”e “se enxergue” são frutos de uma história marcada pela desigualdade e pela exclusão social. “Na verdade você não tinha uma sociedade dividida simplesmente entre escravos e senhores, havia uma hierarquia de cor. As tarefas eram compartimentadas de acordo com a tonalidade da pele. Se alguém era pedreiro e quisesse exercer um cargo público era impedido. A atividade de ourive, por exemplo, era geralmente executada por mulatos mais claros. Tínhamos uma sociedade na qual não havia mobilidade social e o conflito de cor tinha, acima de tudo, uma importância econômica”.


Historiador Ubiratan Castro